FEVEREIRO

GATO POR LEBRE

A maneira como a publicidade nos convence a comprar determinados produtos é impressionante.

Cigarros nos proporcionam liberdade, cervejas são o elixir da juventude e da alegria, e os cartões de crédito dão ao consumidor prazer e induzem a acreditar que a felicidade está em nossas mãos. No mundo do rock isso não é diferente, já que mais uma vez Roberto Medina quer nos convencer de que o Rock In Rio IV é "o maior evento de rock de todos os tempos".

Foi assim nas três últimas edições realizadas na cidade carioca, e não será diferente em Lisboa, Portugal, onde o festival será realizando nos dias 29 e 30 de maio; 4, 5 e 6 de junho em pleno verão português. É inevitável, além de repetitivo, dizer que o Rock In Rio de rock só tem o nome e mais nada.

Basta apenas observar os nomes confirmados para o palco mundo, no qual se apresentarão as atrações principais.

Dia 29 os portugueses vão conferir Rui Veloso, o ministro da Cultura e cantor nas horas vagas Gilberto Gil, Ben Harper e fechando a noite Peter Gabriel.

A banda portuguesa Xutos e Pontapés abrirá a noite do dia 30, precedidos pelos santistas do Charlie Brown Jr., pela banda sensação do momento no EUA, Evanescence e por fim Guns ´n Roses, cuja presença chega a ser intrigante já que o grupo liderado por Axel Rose não faz nenhum show desde sua apresentação no Rock in Rio III e não gravou material novo (ao menos Chinese Democracy, prometido há anos ainda não saiu da gaveta). Então por que coloca-lo como atração principal? Essa é uma pergunta que só Roberto Medina, idealizador do festival, poderá responder. Alguns poderão dizer que só o nome Guns ´n Roses é motivo para atrair centenas de milhares de jovens ao festival. Se fosse assim, em vez do Guns poderiam chamar o AC/DC, White Snake ou Kiss que não soltam material novo há anos e que com certeza atraem sozinhos público superior ao do Guns.

A melhor noite do festival, se compararmos com as demais atrações, ocorrerá no dia 4 de junho com os shows da banda portuguesa de gothic metal Moonspell, Sepultura que mostrará aos "gajos" Roorback, o novo trabalho do grupo, Incubus, Spliknot e finalizando Metallica. Ponto positivo para Roberto Medina que ao menos colocará numa mesma noite o Moonspell, Sepultura e Metallica, sendo que este último é ainda uma das maiores bandas de heavy metal de todos os tempos, mesmo que para alguns o álbum St. Anger o desqualifique de tal adjetivo.

As duas últimas noites do festival ficam por conta de João Pedro Paes, SugaBabes, Britney Spears, a baiana Ivete Sangalo, Alejandro Sanz e Sting. Como podemos perceber, a miscelânea musical presente no Rock in Rio - Lisboa é sem dúvida fruto da estratégia de Roberto Medina de consolidar o festival como um produto pop e comercialmente aceito por um público que consome aquilo que vê na MTV ou ouve nas rádios. Medina parece que se utiliza das mesmas armas que os publicitários usam para nos convencer de que cigarro faz bem, a fim de nos persuadir a crer que o Rock in Rio é o "maior festival de rock de todos os tempos". Desde quando Britney Spears , Gilberto Gil, Ivete Sangalo e Alejandro Sanz tocam rock?

Se em vez destes artistas estivessem presentes nomes do hard rock/heavy metal mundial como Kiss, Iron Maiden, Deep Purple, Blind Guardian, AC/DC e Rush, por exemplo, o Rock In Rio - Lisboa teria muito mais prestígio, mais público e conseqüentemente seria mais lucrativo para Medina, além do que o consumidor não estaria comprando gato por lebre.

A história mostra que Roberto Medina sempre quis transformar o nome Rock in Rio em uma marca pop, contrastando com denominação do gênero musical chamado rock n' roll. Para quem não se lembra no dia 11 de janeiro de 1985 aconteceu o primeiro Rock In Rio, com 1.380 mil pessoas. Estiveram presentes grupos de peso como Iron Maiden, Ozzy Osbourne, AC/DC, Scorpions, White Snake, Queen e Yes entre outros. Para contrabalançar, as opções foram Erasmo Carlos, Pepeu Gomes, Ney Matogrosso, Moraes Moreira, Elba Ramalho, Gilberto Gil, Ivan Lins, Lulu Santos e Alceu Valença.

Ricardo Rodriguez
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MAIO/2003

HAILZ, METAL LORDZ!

Com muito orgulho e satisfação, introduzo à vocês, fãs do Heavy Metal e suas verdadeiras vertentes, o Site Oficial da FACÇÃO HEAVY METAL “METAL LORDZ”.

O maior propósito deste site é difundir a facção e unir os mais longinquos headbangers e metalheads brasileiros, com a intenção de formar uma legião de fãs de Heavy Metal, mostrando para os produtores que trazem as bandas para o nosso país que somos muito numerosos e que merecemos muito respeito.

Junte-se a nós, headbangers e metalheads do Brasil!

Diretoria

JUNHO/2003

ALEGRIA E TRISTEZA NO HAMMERFALL

Com muito orgulho e paixão pelo heavy metal cobrimos o show do Hammerfall. Uma festa maravilhosa, contando com mais filiados da facção no meio de 2.500 pessoas.

Sendo o evento realizado nas proximidades da facção (Z/O), pudemos juntar um bom material para fazer uma excelente cobertura de um candidato a melhor apresentação do ano na cidade.

Mas nem tudo é alegria...

Infelizmente, nossa cobertura fotográfica foi o maior fiasco possível (depois de sofrer muito para entrar com a máquina) e de 24 poses sobrou só 3 fotos boas... Parece já sabiam o que aconteceria, talvez por isso nos deixaram passar.

Mas nosso maior relato de descontentamento foi com a segurança do evento: pessoas ignorantes e brutas. Nos revistaram como em uma batida policial. Não deixavam a galera se divertir, surgindo para acabar com toda excitação que houvesse. Eles estão acostumados com shows de pagode e sertanejos naquela casa, talvez por isso se revoltaram com um show de Heavy Metal.

Para piorar, recebemos na semana seguinte um relato sobre uma agressão com soco inglês no meio do show! Um absurdo imenso. Por isso e por muito mais é que afirmamos que os metaleiros de verdade tem que se unir como uma família para banir essa escória que entra nos shows para cometer essas atrocidades e também para mostrar o que acontece nos shows que as revistas não publicam.

Bom, deixa os eventos negativos para lá, pois o que importou mesmo foi a festa do Hammerfall que nos trouxe de volta o bom e velho Heavy Metal que tanto amamos para nossa cidade.

Ryszard Rousseau III

JULHO/2003

NEW METALLICA

É triste você ouvir boatos sobre uma banda, constatar que é verdade e de repente os boatos começam a dizer que essa banda voltou com força total, quebrando tudo como nos velhos tempo... Mais triste mesmo é constatar que os primeiros boatos são verdadeiros e os posteriores são mentira.

O Metallica escreveu um capítulo na história do Heavy Metal. Clássicos como Seek & Destroy, Master Of Puppets, Creeping Death dentre muitos outros nunca sairão de nossas memórias. Só que infelizmente nunca esqueceremos Load & Reload, muito menos esse St. Anger.

Toda a propaganda em cima da banda, os críticos dizendo que o Metallica está mais thrash do que nunca, lembrando tempos de Kill’ Em All... Tudo mentira, o Metallica dos anos 80 nunca retornará e isso todo mundo sabe, principalmente quando Lars Ulrich afirmou que “o Heavy Metal está morto”.

Está morto mesmo, finado heavy metal do Metallica que aderiu a onda do mainstream de vez, fazendo agora um Nu Metal vagabundo, sem criatividade e lembrando bandas como Linkin Park e Limp Biskit (bandas essas que estão excursionando com eles pelos U.S.).

Se não bastasse a propaganda incessante na televisão e nas rádios, as revistas conseguiram fazer algo bizarramente cretino: estampar o Metallica na capa e, dizendo que o CD está pesado e thrash fazem com que o leitor compre o CD pensando que a revista está certa.

Atitude medíocre, esse mês de junho foi o mês que mais nos deixou descontente com a cena. Se não fosse as bandas participantes do Rock Pra Aquecer nem haveria show de metal.

Tudo que é válido para ajudar o próximo que necessita merece nosso apoio, apesar de não ter sido fácil acessar o local e da não presença em peso da nossa facção. Parabéns as bandas participantes pela atitude Heavy Metal em ajudar na campanha do agasalho e parabéns aos organizadores do evento que apoiaram a cena nacional.

E meus pesames à quem comprou o novo cd do New Metallica.

Ryszard Rousseau III

NOVEMBRO/2003

Solução Milionária

O jogo de interesses que envolvem as bandas "mainstrem" de metal é algo emblemático. O mais interessante é que a história das separações dos grandes conjuntos vem se repetindo com freqüência parecendo uma novela. Às vezes em meio a uma excelente fase com a carreira solidificada e milhões de cd´s vendidos, a banda discute, se desentende, um importante integrante sai ou simplesmente se extingue o conjunto. Podemos citar como exemplos recentes Kiss, Twister Sister e Iron Maiden, que do céu foram ao inferno e retornaram ao topo novamente após anunciarem a volta de integrantes que marcaram época. E o Judas Priest, pelo visto, não ficou de fora. Para a alegria dos fãs a banda seguiu o exemplo do Maiden e anunciou o retorno de Rob Halford.

Após 12 anos o Judas voltará a contar com Halford nos vocais, e já anunciaram uma turnê mundial para o ano que vem em comemoração aos 30 anos de carreira do conjunto.

Tudo leva a crer que o fator preponderante para reuni-los novamente foi o dinheiro, um a vez que Halford, K. K. Downig e Glen Tipton (estes dois últimos são os mentores do Priest) não se falam desde a dissolução do grupo que ocorreu no ápice da carreira, mais precisamente no início da década de 90 quando eles lançaram o fabuloso Painkiller e num período em que lotavam estádios. Ainda hoje os motivos da separação permanecem desconhecidos.

Dos caminhos percorridos durante esse período os mais tortuosos foram os de Halford. Em 1993, o vocalista formou o Figth, cujo primeiro cd War of Words fez algum sucesso entre os órfãos do "Sacerdote" inglês por dois motivos: primeiro, porque o álbum é bem pesado e agressivo; segundo, o baterista do Figth era Scott Travis (na época ex-batera do Priest). Em 1995, Small Deadly Space põe fim à curta existência do Figth por ser um álbum fraco tanto musical quanto comercialmente.

A partir de então, Rob decide procurar outros horizontes musicais com dois novos projetos Voyeur e Two, ambos voltados para o eletrônico. Nesse período, paralelamente ao assumir em público sua homossexualidade ele declara que o heavy metal faz parte de seu passado.
Se por um lado Halford cavava a própria cova, por outro o Judas saia da escuridão das trevas anunciando o seu retorno ao cenário metálico. Com um vocalista muito talentoso chamado Tim "Ripper" Owens, o Judas lança Jugulator em 1997. Nos álbuns seguintes (Live Meltdown e Demolition), Owens consegue cativar definitivamente os fãs do Priest.

Quando muitos não se lembravam de Rob Halford, ele ressurge das cinzas com seu projeto Halford cujo cd Resurrection coloca-o novamente nas graças dos headbangers. Em 2001 chega às lojas Crucible, e este não chega nem perto de Ressurection.
Mesmo Halford não conseguindo com Crucible o sucesso que obteve com Ressurection, ele poderia num próximo trabalho solo realizar um bom álbum. Por outro lado, o Judas vinha se mantendo muito bem com Ripper nos vocais.

Por isso, o retorno de Halford divide os fãs. Para alguns Halford representa a alma do Priest além de ser um excelente compositor. Para outros, sua voz não tem a mesma força e potência dos tempos de Breaking the Law e ele não tem o mesmo vigor de Ripper Owens, o que pode comprometer sua apresentação ao vivo.

Portanto, é tentador imaginar que o que possibilitou o retorno de Rob ao Priest foi o fato de poderem encher a conta bancária com alguns milhões de dólares. Resta saber se as "magoas" foram realmente cicatrizadas e se Rob Halford permanecerá na banda após 2004.

Ricardo Rodriguez

NOVEMBRO/2003

Para o desenvolvimento da Nação

A cena metálica no Brasil cresceu consideravelmente bem nestas duas décadas devido à proliferação dos meios de comunicação especializados em heavy metal e ao apoio dado pelos organizadores de eventos tupiniquins. Se estes últimos ainda engatinham no país devido às dificuldades financeiras para realizar grandes festivais, como os ocorridos na Europa, o primeiro é sem dúvida nenhuma o grande fomentador do metal em nossa nação.
Poderíamos destacar a importância de inúmeros veículos de comunicação, no entanto isso nos levaria a escrever páginas e páginas deixando este editorial imenso e cansativo ao leitor. Portanto, mencionaremos apenas três.

Deixando a modéstia de lado, a Facção Metal Lordz está se desenvolvendo gradativamente dentro de uma proposta arrojada que é unir os fãs de metal, sejam eles de qualquer vertente, e ser capaz de informar os acontecimentos do heavy metal de maneira isenta, rápida e objetiva. Ainda que de maneira tímida, mas com muita garra, estamos conquistando o nosso espaço, ao mesmo tempo em que difundimos o metal nacional.
Quem vem demonstrando muito potencial é o programa Stay Heavy, da emissora de internet e tv à cabo All TV. Diferente da proposta apresentada pelo Riff, da MTV, cujo programa mistura hardcore, punk rock e heavy metal, o Stay Heavy veicula somente vídeos de conjuntos de heavy metal, do black ao melódico, além de contar com um estúdio para apresentações das bandas ao vivo como Krisiun, Torture Squad e Venin Noir, por exemplo. O programa tem um outro diferencial que é o da interatividade. Quem assiste ao Stay Heavy pode enviar comentários sugestões ou perguntas via e-mail, para os quais os apresentadores Vinicius e Cíntia dão atenção especial.

Há 15 anos no ar, o Backstage é sem dúvida nenhuma o maior incentivador do metal no país. Sob o comando de Vitão Bonesso, o programa que vai ao ar todos os domingos às 21h pela Brasil 2000 FM (107,3 - São Paulo), tem toda a sua programação voltada para o heavy metal divulgando novas bandas de metal, raridades e trazendo informações do meio heavy mundial. Já passaram pelo Backstage Deep Purple, Manowar, Iron Maiden, Helloween, Dio, Angra, Sepultura entre outros.

Ter em São Paulo fomentadores de metal como Backstage, Stay Heavy e por que não a Facção Metal Lordz - é importantíssimo se analisarmos sob a luz cultural e heterogênea de nossa metrópole cosmopolita. Nesse caldeirão cultural em que vivemos, o incentivo ao cenário metálico fará com que surjam novos conjuntos, novos espaços para shows e conseqüentemente festivais à altura de um Wacken Open Air.

Ricardo Rodriguez

NOVEMBRO/2003

Abuso

O ano de 2003 chega ao fim e nesses últimos doze meses tivemos muitos shows de metal na cidade de São Paulo. Mas isso não é motivo para euforia uma vez que não há ainda sinais de termos grandes festivais por aqui aos moldes de um Monster Of Rock, por exemplo. A situação pela qual passa o país inviabiliza a realização de mega produções e encarece os eventos.
Para se ter uma idéia, devido ao elevado valor cobrado pelos ingressos, apenas dois membros da Facção Metal Lordz compareceram ao show do Gammaray e Masterplan realizado no dia 29 de novembro último. Se por um lado o ingresso pago por um estudante tem um valor razoável (em torno de R$25 ou R$30), por outro, aquele que não possui a carteirinha de meia-entrada acaba desembolsando R$50, R$60 e muitas vezes R$ 70. Há casos em que se chega a cobrar exorbitantes R$ 90. Este foi o valor exigido para se assistir ao show do Metallica, cuja apresentação foi cancelada em novembro último.

É uma falácia pensarmos que o estudante que adquire seu ingresso pagará menos por ele. Os descontos para esta classe incidem sobre o valor normal do ingresso e não sobre o oferecido por venda antecipada ou promocional. Em outras palavras, as casas de shows infringem a lei, pois não proporcionam o desconto para o estudante em cima do valor promocional. Portanto, faça valer o seu direito!!!

Diferentemente dos conjuntos "mainstrem" de metal internacional, as bandas de heavy nacional e os organizadores de seus eventos têm mantido a sobriedade com relação aos preços de seus shows. Quem conferiu o Shaman nos dias 22 e 23 de novembro no Directv Music Hall desembolsou apenas R$25 e R$12 -ingresso normal e estudante, respectivamente -para assisti-los da pista. Se compararmos o preço do show do Shaman e o do Metallica (levando em consideração o ingresso sem o desconto par estudante), temos uma redução de cerca de 70%, e mesmo assim o Shaman manteve uma excelente qualidade na sua apresentação.

Argumentar-se-á a alta do dólar e as despesas astronômicas em hospedagem, transporte dos músicos, dos instrumentos e de seus técnicos de som para se cobrar as apresentações dos conjuntos "mainstrem" internacional. Há, no entanto, que se encontrar outras soluções que viabilizem a redução final nos preços dos ingressos, como por exemplo, a diminuição do lucro dos organizadores. Outra saída seria a formação de um conglomerado de empresas dispostas a investir em mega festivais de heavy metal no país, uma vez que o público de metal no Brasil é grande e fiel.

Aliando redução nos lucros dos organizadores, diminuição nos preços dos ingressos, desconto para estudantes sobre o valor promocional da entrada para shows estará se criando condições para que tenhamos mais público. Se for feito isso, 2004 será um ano repleto de mega espetáculos. Tomara que a apresentação do Maiden em São Paulo no mês de Janeiro seja acessível a todos.

Que os headbangers e metalheads tenham um feliz natal e um próspero ano novo. Stay Heavy.

Ricardo Rodriguez