FACÇÃO HEAVY METAL : : : METAL LORDZ

As "Metal Operas" estão em alta, mas raramente você vê uma tão esplêndida quanto "Aina, The Metal Opera". Este prestigioso trabalho constitui-se em dois cds, um dvd e um enorme encarte cheio de informações sobre os bastidores e arte.

O Lords Of Metal conversou com a vocalista Americana/Alemã Amanda Sommerville que escreveu a história de Aina, e Hans van Vuuren do Transmission, que começou toda a história.

Texto: Ferdi / Tradução: Tatiany Tormentor

Amanda, em primeiro lugar, você é uma garota Americana. Como você foi parar na Alemanha?
"Eu sou de Flynt que é uma cidade de Detroit, Michigan. Eu me mudei para a Alemanha para estar com meu marido. Eu o conheci em 1994 quando eu estava na escola secundária e ele era um estudante de intercambio. Nós tivemos uma relação à distância durante alguns anos, até que nós nos casamos em 1999 e eu me mudei para a Alemanha. Meu marido é um fotógrafo independente que às vezes trabalha com selos de metal. Depois que eu me mudei para a Alemanha comecei a trabalhar com Sasha Paeth do estúdio Heaven's Gate, como uma treinadora vocal. Lá eu trabalhei com vários artistas, inclusive o Rhapsody, Luca Turilli e Epica. Eu treinei os cantores durante as gravações, e corrigi as letras deles, assim não seria perceptível que eles não são cantores ingleses nativos. No momento eu tenho feito isto, durante quatro anos".

Em que momento você se envolveu com o Aina?
Eu recebi um telefonema do produtor Sasha Paeth, que tinha sido convidado por Hans van Vuuren para gravar uma Metal Opera. Ele quis que eu escrevesse uma história para isto, então eu perguntei a ele sobre o que seria aproximadamente. Ele respondeu que estava completamente comigo. Eu decidi aceitar o trabalho. Sasha ficou feliz porque eu aceitei, pois ele já havia dito ao selo que eu faria!

Robert Hunneck-Rizzo, Sasha Paeth, Amanda Sommerville e Miro

O que fez você decidir prosseguir com o projeto Aina?
Eu não faço idéia. Sem dúvida, eu realmente não sabia o quanto trabalhoso seria. Eu acho que concordei em aceitar porque era algo que eu nunca tinha feito antes. Eu amo um desafio e, o principal de tudo: eu amo compor. No princípio entretanto fiquei um pouco preocupada com isto: era fato que nós estávamos fazendo uma Metal Opera. Mas Sasha não estava tão ligado ao metal, e eu poderia tocar piano, afinal não sou tão boa tocando violão. Felizmente eu só tive que me concentrar na história, e ele conseguiu outras pessoas para fazer a música, e eventualmente foi ajudado por Robert .

Como você escreveu a história para Aina?
Eu aceitei o trabalho em fevereiro de 2002. Primeiro eu comecei analisando vários temas e nomes, mas não obtive nada de concreto. Em abril isto se tornou um problema, porque os rapazes estavam esperando eu terminar a história para que pudessem começar a trabalhar a música. Então, em uma noite, de repente, eu tive toda a inspiração que precisava e escrevi tudo noite adentro.

Quando você escreveu a história, você conscientemente tentou evitar semelhanças com contos que já existem?
Não, eu não tentei. Porque é completamente impossível escrever algo que não vai ser comparado. Quando você está trabalhando com o gênero fantasia , você simplesmente não pode esperar ser comparado a trabalhos com o nível de O Senhor dos Anéis e a mitologia Grega. Eu não quero comparar Aina a algo como O Senhor dos Anéis: Eu só trabalhei em Aina durante três meses, enquanto Tolkien trabalhou naquele livro durante toda sua vida. O que eu tentei fazer é criar minha própria história detalhada como acontece neste mundo imaginário de Aina . Eu não pude criar detalhes da história inteira porque estava simplesmente limitada pelo que pude encaixar em um cd de 74 minutos. Mas definitivamente há sugestões de passagens que eu não pude incluir. Sim, eu poderia escrever um livro sobre isto!

E o próximo passo? As letras?
Realmente. Depois que eu terminei a história principal eu pude começar a escrever as canções, o que eu fiz em ordem cronológica. Eu tive que escrever em partes, onde eu terminaria a canção 1 até a 3, enviei ao Sasha para que ele pudesse trabalhar na música, e enquanto isso escrevi da canção 3 até a 6, e assim em diante. Mas embora fosse estabelecido que eu trabalhava apenas nas letras, não pude deixar de ajudar também na música. Eu escrevi algumas partes da música no piano e enviei ao Sasha, e algumas foram usadas no álbum.

Como?
A introdução para 'Son Of Sorvar' foi escrita por mim. A coisa engraçada era que eu estava nos Estados Unidos quando eu pensei nisto. Assim eu liguei para o Robert, cantando a melodia. Ele gostou, mas não tínhamos meios de gravar aquela parte naquele momento. Assim alguns minutos depois eu me vi cantando a melodia na secretária eletrônica do Robert, só assim nós não perderíamos isto. Eu achei bonito... rs! Acho que o Robert guarda aquela mensagem.

Como você conseguiu reunir todos esses convidados juntos?
Isso era trabalho para o Sasha. O que ele sabia sem dúvida era que nós queríamos um grupo de pessoas talentosas. Havia uma lista de pessoas que o Hans da Transmission definitivamente quis convidar como o André Matos, que nós tínhamos trabalhado no passado. Sasha foi ótimo quando pensou nisto, porque ele tem um conhecimento enorme da cena metal e as pessoas que estão nela.

Quando vocês encontraram os vocalistas convidados? Antes ou depois de escrever as músicas?
Depois que terminamos as músicas. Isto nos limitou na busca dos vocalistas porque nós tínhamos que encontrar um vocalista que certamente encaixa-se sua voz nas características da historia. Era quase como distribuir papéis para um filme. Depois que nós encontramos os atores foi bastante fácil encaixá-los. Nós só trocamos dois deles: Foram trocados Olaf Hayer e André Matos, porque nós achamos que a voz de Matos não daria para retratar uma pessoa ruim. Nós tentamos fazer os rapazes cantar partes que não eram muito óbvias para eles. Por exemplo Michael Kiske cantou uma balada e fez um ótimo trabalho, e André Matos cantou uma nota inteira abaixo do que ele faz no Shaman e no Angra. Eu gosto deste modo de brincar com as vozes.

Onde vocês gravaram o cd?
A coluna vertebral de Aina foi gravada no Gate Studio em Wolfsburg. Infelizmente nós não tivemos orçamento para trazer todos os músicos até aqui, ou viajar até eles e ajudá-los durante as gravações. Assim alguns deles tiveram que gravar os vocais no estúdio habitual, nos próprios países deles. Isto é algo que eu lamento. Eu gostaria de trabalhar com alguns dos vocalistas como um diretor trabalha com um ator, guiando e dirigindo-os para colocarem certas emoções na música. Eu perdi esta interação que você normalmente tem pessoalmente.

O fato de que algumas partes foram gravadas de grandes distâncias gerou alguma participação engraçada?
Sim, alguns vocalistas conseguiram pronunciar nomes completamente diferentes do que eu pretendia. E a participação de Glenn Hughes foi um real "abridor de olhos". Sendo o artista que ele é ele, gravou algo completamente diferente do que tínhamos planejado. Assim quando nós recebemos a participação dele ficamos bastante chocados. Mas quando nós compusemos a música e os vocais descobrimos que definitivamente foi uma melhoria.

Há um dvd-bônus que vem com toda cópia de Aina.
Hans da Transmission não poupou nenhum luxo para este cd. Ele nos comprou uma máquina fotográfica e pediu para que registrássemos tudo durante o processo da gravação do cd. O mesmo foi com o encarte: Eu teimei em ter um encarte completo com a história inteira nele, e o Hans compartilhou desta visão. Mas eu não previ que seria uma coisa enorme! Nós agora não só temos o esboço dos eventos, mas também pedaços da arte que acompanha cada canção.

Para dar mais substância a Aina, você até mesmo escreveu um idioma para o cd.
Eu quis dar para as letras do álbum algo especial e não quis ser previsível, adicionando pedaços de latim. Então eu pensei: o que é mais especial que um idioma único? Claro que você não pode comparar isto aos idiomas Élficos que Tolkien inventou. Eu nem pude colocar uma curta conversação. Porque inventar um idioma me fez perceber como os idiomas são inacreditavelmente sofisticados. Eu quero dizer, em qualquer língua você tem dicionários cheios de milhares de palavras. E isso é um vocabulário: você pode escrever dúzias de livros sobre gramática, pronúncia e tempos. É tão complicado. Mas eu continuarei trabalhando nisto embora o cd esteja acabado, e eu espero algum dia ter um guia para iniciantes de Ainan no website.

Agora que você terminou este projeto inteiro, como você olha para trás?
Para mim foi uma experiência de aprendizagem surpreendente e foi inacreditavelmente como diversão. Pessoalmente destaco a eficiência do Gate Studio: nós sabemos muito bem, tanto um como o outro, que nós podemos puxar uma Metal Opera, algo em uma escala consideravelmente enorme. Nós tivemos um pouco de grandes experiências juntos e nós estamos contentes com o resultado do álbum depois de dois anos de experiência. Eu não sei se haverá uma segundo parte, isso cabe a gravadora decidir. Mas se houver, eu já tenho algumas coisas escritas. E eu posso lhe dizer que a história da segunda parte será mais imprevisível que a primeira.

Você tem algum outro projeto em andamento no Gate Studio?
No momento o Rhapsody está gravando um novo cd com o Joey do Manowar, mas eu não estou envolvida nisto. Agora eu estou trabalhando no meu cd solo, que irei lançar ainda este ano por meu próprio selo. Não será metal, mas com influências de pop e folk nos vocais e nas composições, embora possa ser interessante à apenas uma pequena parte dos fãs do Aina. E este ano nós temos inúmeros projetos em andamento, inclusive um novo álbum do Epica.

Hans van Vuuren (dono do selo Transmission) sobre o Aina:

"A idéia de criar uma Metal Opera veio de mim. Eu tenho este desejo desde os anos 90. Eu gosto muito da combinação de vocais soprano com linguagem bombástica e riffs pesados.Tudo começou, quando eu conheci Sasha Paeth quatro anos atrás. Porque eu trabalhei com ele em outro cd, e eu soube que ele era o homem certo para o trabalho. Ele tem a capacidade e a paciência para um projeto deste tipo. Ele colocou as pessoas certas no lugar certo. Ele também é um instrumentista qualificado. Miro é um gênio no setor de arranjos. Amanda escreveu uma história cativante e foi também uma ótima treinadora vocal. E o Robert é um compositor excelente".

"Era importante para mim que Aina se tornasse um álbum dos criadores, em vez de somente a execução de uma ordem. Então eu lhes dei uma carta branca na música. Eu lhes disse, que absolutamente eu não queria outro Avantasia ou Rhapsody. Muitos preencheram isto, entretanto eu orientei alguns dos vocalistas convidados. Eu realmente quis o Glenn Hughes, Tobias Sammet e Candice Night. Claro que eu também estive presente na mixagem final."

"Além disto, a distribuição certa do cd era bem importante para mim. Isso porque inclui um cd-bônus e um dvd com 'making of' e um vídeo. Tudo isso foi feito para deixar Aina interagir com sua imaginação. Durante o projeto aumentou a idéia para o encarte. O resultado foi um encarte extenso repleto de textos e desenhos. Foi está a razão de Aina ter seu próprio destaque. Também foi importante que Aina pudesse ser comprado com o preço de um cd".

"Aina definitivamente foi o projeto mais caro da Transmission. Foi um empreendimento arriscado, como a venda de cds em geral. Mas na Transmission nós temos fé em nossa força para oferecer qualidade. Parece ter sido um empreendimento arriscado, mas certo, assim como Aina sempre será nossa produção que está vendendo mais rápido. Foi um grande projeto e eu olho para trás com alegria. Eu aprendi que sempre é possível fazer algo maior e melhor. Eu deixo em aberto se haverá uma segunda parte, ou não. No momento nós ainda estamos no meio da promoção da primeira parte. Quando isso terminar, eu pensarei na possibilidade de uma seqüência".

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